A Dança do Siriá

O elemento natureza unido as influência de diversas culturas já existentes, criam novas visões e manifestações. A Dança do Siriá é uma dança em devoção e agradecimento aos deuses, que hoje, expressa a alegria do povo da região Norte do Brasil.
Musicalmente, o Siriá herdou fortes expressões dos batuques africanos, tendo origem na cidade paraense de Cametá. Embora essa tradição folclórica tenha muitos elementos da cultura dos grupos negros africanos vindos para o Brasil, não se pode omitir a presença de elementos da cultura indígena. 

Para os grupos indígenas, o Siriá é uma dança de conquista; dança-se para conquistar aquela ou aquela por quem se está apaixonado. Para os negros, a dança faz lembrar os tempos de cativeiro e as estratégias utilizadas para  superar as dificuldades de sobrevivência nesses tempos. 

As histórias sobre a origem do Siriá junto aos grupos negros afirmam que os escravos trabalhadores nas fazendas eram mal alimentados e trabalhavam durante todo o dia, sem comer quase nada. Ao final do dia, quando podiam descansar, usavam do direito de caçar ou pescar, buscando, com o fruto dessas ações, suprir a falta de alimentação. Durante a noite, o escuro das florestas os impedia de caçar, e os negros escravos iam até as praias tentar pegar algum peixe trazido pela maré. Ainda assim, a quantidade de peixe que pegavam era insuficiente para satisfazer a fome de todos.


Um dia, porém, como num milagre, apareceu, na praia, uma quantidade incalculável de siris que se deixavam pescar sem afugentar, tornando possível saciar a fome de todos os escravos que estavam ali. Esse episódio começou a se repetir em quase todos os finais de tarde. Os negros atribuíram esse  milagre aos deuses que os protegiam e que mereciam, portanto, ser homenageados. Nasce assim a dança do Siriá.


O nome Siriá se deve ao sotaque dos negros ao pronunciarem algumas palavras: a plantação de café, chamada de cafezal, era pronunciada como cafezá, a de arroz, arrozá, a de cana, canaviá. Os escravos associaram a abundância de siris a uma plantação, suficiente para alimentá-los todos os dias. Uma plantação de siri, portanto, seria um Siriá. 



Nos dias de hoje, o Siriá traz, em suas letras e movimentos, elementos que lembram mais o sentido indígena da dança, ou seja, a conquista daquele por quem se está apaixonado. Por isso, estudiosos que pesquisam sobre o folclore amazonense chamam a dança do Siriá de “dança do amor idílico”, que quer dizer amor poético, suave, atribuído à beleza da execução dos passos. As roupas usadas na dança são um espetáculo à parte. Coloridas e adornadas, as mulheres costumam trajar blusas rendadas de cor clara, saias de roda e bem armadas e colares e pulseiras feitas das sementes amazônicas valorizando ainda mais a cultura local. Nos cabelos, são feitos arranjos com flores. Os homens, com uma fralda amarrada à frente em cima da camisa colorida e calça de tom escuro, dançam descalços, assim como as mulheres. Na cabeça, usam chapéu com flores, que, no decorrer da apresentação, são colhidas pelas dançarinas, demonstrando alegria através das acrobacias feitas com a barra da saia.


Os movimentos dos dançarinos indicam que o Siriá, além das influências indígena e africana, apresenta elementos e características herdadas dos portugueses. O Siriá é dançado com os braços erguidos para cima, uma característica típica das danças folclóricas originárias de Portugal. Ao mesmo tempo, tambores e batuques produzem um ritmo do batuque tipicamente africano, enquanto muitos de seus movimentos corporais são típicos das danças indígenas.


O Siriá é uma dança que simboliza um ritual de agradecimento e de alegria em devoção à proteção divina. Nos dias de hoje, a Dança do Siriá está totalmente desvinculada dos fatores religiosos que originaram o festejo. Hoje, tornou-se uma manifestação cultural com a intenção de divertir e alegrar os dançantes.

fonte: http://173.203.31.59/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=205868

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